segunda-feira, 24 de maio de 2010

ALTER CHRISTUS I

ALTER CHRISTUS II

ALTER CHRISTUS III

sábado, 22 de maio de 2010

OS PADRES CASADOS DA IGREJA CATÓLICA

Sob as bênçãos do Vaticano, os diáconos assumem paróquias e celebram batizados e casamentos. Depois, voltam para casa, junto da mulher e dos filhos.

SAGRADA FAMÍLIA
Ailton em sua paróquia, em Santana (SP), com o filho Guilherme e a mulher, Isabel: “Minha vocação é o matrimônio, mas como diácono posso ajudar ainda mais a Igreja”

No dia 24 de abril, o professor de geografia Wainer Fracaro da Silva, 37 anos, casado e pai de três filhos, recebeu das mãos do cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, em plena Catedral da Sé, a ordenação da Igreja Católica. A partir daquela data, teve autorização oficial para assumir uma paróquia, realizar batizados e casamentos, aconselhar fiéis e até usar batina. Não, não estamos diante do primeiro caso da história de homem casado que se tornou padre. Silva faz parte, sim, de um grupo ainda pouco conhecido que se avoluma pelo mundo e tem sido uma alternativa em tempos de crise de vocações e falta de pastores. Só para falar da mais amena das crises que a Igreja enfrenta no momento. Ao participarem do ritual em missa solene, após cinco anos de intensos estudos, homens como o professor paulistano tornam-se diáconos permanentes. Naquele mesmo sábado de abril, outros 12 fizeram seus votos. Em uma Igreja na qual o celibato é regra sempre questionada – ainda mais quando surgem casos polêmicos, como os de pedofilia, que tiram o sono do papa Bento XVI nos últimos meses –, ter um homem casado na hierarquia da instituição soa como um avanço. Mas, afinal, quem é e o que faz um diácono permanente? Eles são católicos praticantes comuns que se candidatam à vaga porque desejam servir ainda mais à sua religião, mas sem abrir mão do matrimônio e a união deve ter pelo menos dez anos. Uma vez casados e com família, devem conciliar suas funções na Igreja com a vida profissional e matrimonial, pois não recebem um tostão para servir a Santa Madre. Solteiros e viúvos também podem ser diáconos, desde que assumam o celibato. Casados que se tornam viúvos não podem se casar de novo. Mas podem se tornar padres, se assim o desejarem. “A Igreja ordena pessoas casadas, mas não casa pessoas ordenadas”, resume o engenheiro Odélcio Calligaris, 63 anos, presidente da Comissão Nacional de Diáconos (CND), casado há 30 anos, pai de dois filhos e religioso desde 1993.

UNIÃO

Wainer, da igreja Menino Deus (SP), teve total apoio da esposa, Edileuza, e dos três filhos: Matheus, Esther e Deborah

Mas não basta ser temente a Deus e cumpridor dos deveres cristãos para se tornar um diácono. É preciso ter ao menos 35 anos, ser casado há dez, estudar teologia e fazer um curso em uma escola diaconal – a CND calcula que existam 90 centros desse tipo no País. O programa tem cinco anos de duração e abrange disciplinas de teologia e oficinas práticas de liturgia e caridade. A esposa do aspirante a diácono também precisa assinar uma carta de próprio punho ao bispo responsável autorizando a escolha. No momento da ordenação, ele faz o voto de obediência – pobreza e castidade ficam de fora por razões óbvias.

No dia a dia da igreja, esses homens são quase padres. “Nós somos ordenados para a liturgia, para a palavra e para a caridade”, explica o corretor de seguros Ailton Machado Mendes, 48 anos, casado há 25 anos, dois filhos, que serve a igreja como tal desde 2005. Na prática, isso significa que podem fazer quase tudo o que um sacerdote faz, exceto a consagração da hóstia e absolvição dos pecados, os sacramentos da eucaristia e da confissão. O diaconato foi a maneira que o recém-ordenado Silva encontrou para atender a um chamado que apareceu ainda na adolescência. O professor de geografia chegou a considerar a possibilidade de ser padre. “Só que eu tinha também um forte desejo de me casar e constituir família”, diz. Como diácono, conseguiu suprir ambos os anseios. “O sacramento do matrimônio e da ordem não se anulam, pelo contrário, um fortalece o outro.” Mendes também vê dessa forma. “Minha vocação é o matrimônio, mas como diácono posso ajudar ainda mais a Igreja.” Calligaris tem uma boa definição sobre ser diácono. “Temos um pé no clero e outro no mundo, o que permite que façamos uma ponte entre Igreja e sociedade.”

BÊNÇÃO NA CATEDRAL
Os 13 novos diáconos de São Paulo no dia da ordenação

Apesar de o diaconato ter sido oficializado há menos de 50 anos, durante o Concílio Vaticano II (1962-65), reunião de bispos do mundo todo que modernizou vários setores da Igreja, os diáconos existem desde os primórdios do cristianismo. Estão lá, no Novo Testamento, em Atos 6, 1-6. Na passagem, são citados os sete primeiros, escolhidos pelos apóstolos para cuidar das viúvas abandonadas à própria sorte. Continuaram em ação até o século V, quando, por razão não conhecida, caíram no esquecimento. Só foram resgatados pelo papa Paulo VI, após o encontro episcopal. “Por pouco essa questão não passa no Concílio”, conta o padre José Oscar Beozzo, professor do Instituto Teológico de São Paulo (Itesp). “Existia um temor de que, ao abrir essa brecha, a Igreja acabaria cedendo demais.”

Talvez por isso foram necessárias algumas décadas até que o diácono virasse uma realidade nas paróquias brasileiras. “Vai de cada bispo o desejo de ter em sua diocese o diácono permanente”, explica Calligaris, da CND. Daí a função só ter sido liberada na cidade de São Paulo em 2000. Já em lugares como Jundiaí (SP) e Apucarana (PR), o diaconato já é considerado uma tradição.

O alto clero vê o crescimento desse grupo com bons olhos. “A retomada desse ministério é uma grande riqueza para nós”, diz dom Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro. “Afinal, a comunidade paroquial é fonte de vocações de homens que estão dispostos a uma doação mais radical e profunda pela causa do Evangelho.” Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Teresina (PI), lembra que o diácono é um evangelizador em potencial, já que está, como profissional, dentro das fábricas, universidades e empresas. “Ele é diácono 24 horas por dia. O jeito dele de ser e de viver é a sua forma de evangelizar.”

Com as bênçãos do Vaticano, o número de diáconos vem crescendo a cada ano. Existem cerca de 35 mil no mundo. No Brasil, são dois mil. Mas, apesar de significarem um sopro de renovação na milenar instituição religiosa, eles foram regulamentados com o cuidado de não infringir preceitos dos quais a Igreja não abre mão, como a exclusão das mulheres. “A Igreja continua excluindo os homens casados das funções mais importantes, impedindo-os de se tornar sacerdotes de fato, e segue deixando as mulheres de fora”, afirma a professora de sociologia da religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Maria José Rosado. Já o padre Beozzo acredita que o diaconato aponta para uma direção importante ao mostrar que a família não entra em conflito com o “servir a Igreja”. “Saúdo o Vaticano por ter resgatado o diaconato, mas espero que ele seja um ponto de partida e não de chegada.”


Fonte: Revista "Isto é"
Autora: Débora Rubin

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O SANTO SUDÁRIO E NIETZSCHE

Também a Turim o Papa foi, como sucessor de Pedro, para confirmar os seus irmãos na fé. Levando no coração toda a Igreja, aliás, toda a humanidade, como quis dizer explicitamente depois de ter rezado diante do Santo Sudário. Diante deste objeto sagrado e misterioso que talvez seja a imagem mais célebre do rosto e do corpo de Cristo Bento XVI deteve-se longamente, envolvido por aquele silêncio quase irreal que surpreende cada visitador, peregrino ou apenas curioso, não obstante o imponente e incessante suceder-se quotidiano de milhares de pessoas.
Na meditação o Papa recordou as narrações evangélicas e uma reflexão tirada da antiga tradição cristã, porque o silêncio que promana do lençol mesmo entre as centenas de classes de crianças admiradas que são levadas nestas semanas pelos seus professores à Catedral de Turim é o mesmo que envolveu a terra depois da sepultura do Senhor: "Grande silêncio porque o Rei dorme", morto na carne para descer "à mansão dos mortos e abalá-la".
Foram suficientes estas palavras de uma homilia dos primeiros séculos para mover as palavras de Bento XVI, que se tornou ainda mais sensível à mensagem do Santo Sudário quis revelar pelo avançar da idade. Palavras que o Papa comparou com as de Nietzsche, tão repetidas quão perturbadas: "Deus está morto! E nós matámo-lo!". O brado do pensador eleva-se quase de uma moderna via crucis, antecipando na sua desesperada lucidez os horrores do século XX, que muitos ainda se obstinam a ignorar, esconder, justificar.
Eis o verdadeiro mistério do sinal contido no enigmático lençol sepulcral do qual Turim se orgulha: isto é, a inaudita novidade daquele que atravessou a obscuridade da morte e desceu ao inferno "onde reina o abandono total" para nele fazer ressoar a voz de Deus que venceu para sempre o mal e a morte. Uma realidade que até os mais pequeninos e os mais simples podem compreender: como o medo da escuridão sentido por crianças que é afastado pela presença de quem os ama, explicou Bento XVI, que tem o dom humano e espiritual de se fazer compreender por todos.
E do mistério do Santo Sudário que fala com o sangue provém o seu poder, porque disse o Papa com toda a tradição bíblica o sangue é a vida: de fato, a imagem no lençol é "a de um morto, mas o sangue fala da sua vida". E desta vida falou mais uma vez Bento XVI nos seus encontros com os turinenses: anunciando aquele que mostrou como se deve amar e ofereceu "a certeza de que não estamos sós". De fato Deus "está próximo de cada um com o seu amor": um amor, que certamente não se limita ao passado, que sabe que tem de enfrentar todos os dias dificuldades e tribulações.
Compete então a todos mulheres e homens, jovens e idosos imitar Cristo. Para "viver e não para ir vivendo", segundo uma expressão de Pier Giorgio Frassati, querido não só aos turinenses, que o Papa quis recordar aos jovens, mas falando a todos. É esta a mensagem que provém do sinal silencioso do Santo Sudário, daquela imagem dramática, mas serena que representa a morte de Deus denunciada por Nietzsche. Daquele Deus que desceu à mansão dos mortos para libertar da armadilha da morte todas as criaturas humanas.

Autor: Giovanni Maria Vian
Fonte: ©L'Osservatore Romano - 8 de maio de 2010

segunda-feira, 10 de maio de 2010

EVANGELHO SEGUNDO S. JOÃO 15,26-27.16,1-4.

Paulo VI, Papa de 1963 a 1978.
Exortação apostólica «Evangelii nuntiandi», cap. 7, § 75

«Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, [...] Ele dará testemunho a Meu favor.
Repleta do conforto do Espírito Santo, a Igreja vai crescendo. Ele é a alma desta mesma Igreja. É Ele que faz com que os fiéis possam entender os ensinamentos de Jesus e o Seu mistério. Ele é Aquele que, hoje ainda, como nos inícios da Igreja, age em cada um dos evangelizadores que se deixa possuir e conduzir por Ele, e põe na sua boca as palavras que ele sozinho não poderia encontrar, ao mesmo tempo que predispõe a alma daqueles que escutam, a fim de a tornar aberta e acolhedora para a Boa Nova e para o reino anunciado.
As técnicas da evangelização são boas, obviamente; mas ainda as mais aperfeiçoadas não podem substituir a ação discreta do Espírito Santo. A preparação mais apurada do evangelizador nada faz sem Ele. De igual modo, a dialética mais convincente, sem Ele, permanece impotente em relação ao espírito dos homens. E ainda os mais bem elaborados esquemas com base sociológica e psicológica, sem Ele, em breve se demonstram desprovidos de valor.
Vivemos na Igreja um momento privilegiado do Espírito. Procura-se por toda a parte conhecê-Lo melhor, tal como a Escritura O revela. De bom grado as pessoas se colocam sob a Sua moção. Fazem-se assembléias em torno Dele. Aspira-se, enfim, a deixar-se conduzir por Ele. É um fato que o Espírito de Deus tem um lugar eminente em toda a vida da Igreja; mas é na missão evangelizadora da mesma Igreja que Ele mais age.
Não foi por acaso que o grande ponto de partida da evangelização sucedeu na manhã do Pentecostes, sob a inspiração do Espírito. Pode-se dizer que o Espírito Santo é o agente principal da evangelização [...]. Mas pode-se dizer igualmente que Ele é o termo da evangelização: de fato, sé Ele suscita a nova criação, a humanidade nova que a evangelização há-de ter como objetivo, com a unidade na variedade que a mesma evangelização intenta promover na comunidade cristã. Através Dele, do Espírito Santo, o Evangelho penetra no coração do mundo, porque é Ele que faz discernir os sinais dos tempos - os sinais de Deus -, que a evangelização descobre e valoriza no interior da história.

Copyright © Libreria Editrice Vaticana

sexta-feira, 7 de maio de 2010

DIACONATO PERMANENTE - ORDENAÇÕES DIACONAIS, NA FORMA ORDINÁRIA, NA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO




















“É preciso que vocês, diáconos, visitem os pobres e levem ao conhecimento do Bispo aqueles que estão necessitados”. (Diascalia Apostolorum, III Const. 13,7)
No grau inferior da hierarquia estão os diáconos, que recebem a imposição das mãos não para o sacerdócio, e sim para o “ministério”. (Lumen Gantium 29)
“O diácono, colaborador do bispo e do presbítero, recebe uma graça sacramental própria. O carisma do diácono, sinal sacramental de “Cristo Servo”, tem uma grande eficácia para a realização missionária com visitas à libertação integral do homem”. (Documento de Puebla, 697)

A IGREJA GANHA 13 DIÁCONOS PERMANENTES

Novos diáconos permanentes, recém ordenados, com arcebispo e bispos auxiliares, logo após celebração na Catedral da Sé, no sábado, dia 24; novos ministros devem ser sinal de ‘Cristo Servidor’.



ARQUIDIOCESE GANHA MAIS 13 DIÁCONOS PERMANENTES
Um momento de rara beleza aconteceu na Catedral da Sé, no sábado passado, 24. Ali, 13 homens casados, na presença de esposas, filhos, parentes e amigos, foram ordenados diáconos pela imposição das mãos de dom Odilo Pedro Scherer, nosso arcebispo.
Um grande reforço na obra da Evangelização ganha a Igreja de São Paulo com esses 13 homens que assumem o diaconato permanente. Cabe a eles, daqui para frente, colaborar na obra da evangelização, anunciando Jesus Cristo e sua mensagem. Aliás, o diaconato, o primeiro grau na ordem sacerdotal, está voltado ao serviço da palavra, da vida sacramental e dos pobres.
O diácono permanente é ordenado para anunciar Jesus Cristo e seu Evangelho.
Comove ver a constatação desse serviço evangelizador na pregação de Santo Estevão, o primeiro mártir da Igreja. Santo Estevão discorre sobre a história da salvação com maestria, faz dela uma síntese perfeita, mostrando que ela tem seu ponto máximo na morte e ressurreição do Senhor Jesus.
Homem encantado pelo Senhor e sua mensagem, nada o faz desistir da pregação nem a morte a pedradas, sob o olhar, ao mesmo tempo desafiador e confuso, de Saulo, que seria mais tarde Paulo, o apóstolo dos gentios.
O diácono permanente é ordenado também para santificar os irmãos através da administração dos sacramentos do Batismo e do Matrimônio. Eles gerarão filhos e filhas para Deus no Batismo e testemunharão compromissos de amor e fidelidade nos casamentos. Falarão com certeza a pais e a noivos e sua fala será enriquecida pela experiência maravilhosa de serem chefes de família e pais.
Enfim, os diáconos permanentes são ordenados para socorrer dentro da comunidade os pequenos e pobres. Caberá a eles incluir aqueles que vivem a dolorosa realidade da exclusão. Aliás, não foi também esta finalidade a primeira que motivou a instituição do diaconato? Os apóstolos precisaram da diaconia de homens zelosos junto aos pobres para que o anúncio do Evangelho não fosse interrompido.
Sejam bem vindos, portanto, os 13 novos diáconos permanentes de nossa arquidiocese. Eles se somarão a outros 50 que já atuam em nossas paróquias e comunidades. Seja fecundo o trabalho deles em nossas comunidades. Recebam eles o apoio dos padres e o carinho do povo. A Igreja de São Paulo se enriquece com a chegada deles e dá glória a Deus pela seriedade com que se prepararam durante cinco anos e pelo entusiasmo com que assumem a missão que lhe é confiada.
Fonte: Jornal "O São Paulo"