“Quando o sacerdote ou o diácono convida a
assembleia a intercambiar o sinal da paz, pretende-se que a saudação seja feita
entre as próprias pessoas, mais do que entre o padre e o povo? Eu ouvi dizer
que o povo pode sempre se dar a saudação da paz, mesmo sem o convite do
sacerdote ou do diácono” (GD, Thornley, Inglaterra).
Oferecemos a seguinte resposta do pe. McNamara:
O Ordenamento Geral do Missal Romano trata em diversas passagens do rito da paz.
Descrevendo a estrutura geral da missa, ele diz no número 82:
"82. Segue-se o rito da paz, com que a
Igreja implora a paz e a unidade para si mesma e para toda a família humana, e
os fieis expressam a comunhão eclesial e o amor mútuo antes de comungar
sacramentalmente. Cabe às conferências episcopais estabelecer a maneira de
realizar este gesto de paz, de acordo com a índole e os costumes dos povos.
Convém, no entanto, que cada um dê o sinal da paz apenas àqueles que lhe estão
mais próximos, de forma sóbria".
Mais adiante, quando descreve as várias formas
de celebração da missa, o texto acrescenta detalhes. Na descrição da missa sem
diácono, o número 154 afirma:
"154. O sacerdote, de mãos estendidas,
diz em voz alta a oração ‘Senhor Jesus Cristo’; terminada a oração, estendendo
e depois juntando as mãos, anuncia a paz dizendo ao povo: ‘A paz do Senhor
esteja sempre convosco’. Após o povo responder devidamente, o sacerdote pode
acrescentar conforme o caso: ‘Saudai-vos em Cristo Jesus’. O sacerdote pode dar
a paz aos ministros, permanecendo sempre dentro do presbitério de modo a não
perturbar a celebração. Deve fazer o mesmo se, por algum motivo, desejar dar a
paz a alguns fiéis. Todos, no entanto, de acordo com o estabelecido pela
conferência episcopal, expressam mutuamente paz, comunhão e caridade. Quando se
dá a paz, pode-se dizer: ‘A paz de Cristo’ ou ‘A paz do Senhor esteja sempre
contigo’, e se responde: ‘Amém’".
Depois, na descrição da missa com diácono, o
número 181 explica:
"181. Depois que o sacerdote fez a
oração pela paz e a saudação ‘A paz do Senhor esteja sempre convosco’, com a
correspondente resposta do povo, o diácono pode, conforme o caso, convidar a
todos a intercambiar a paz. Ele recebe a paz do sacerdote e pode oferecê-la aos
outros ministros mais próximos".
Finalmente, o número 239, que trata da missa
concelebrada, diz:
"239. Após o convite do diácono ou, na
ausência deste, de um dos concelebrantes para o intercâmbio da paz, todos o
fazem. Os mais próximos do celebrante principal recebem dele a paz antes do
diácono".
A instrução Redemptionis Sacramentum também aborda o tema. No número 71,
lemos:
"Conforme uso do
Rito Romano, mantenha-se a saudação da paz antes da comunhão, como indicado no
Rito da Missa. Segundo a tradição do Rito Romano, esta prática não tem
conotação nem de reconciliação nem de remissão dos pecados, mas sim a função de
manifestar a paz, a comunhão e a caridade antes do recebimento da Sagrada
Eucaristia. O ato penitencial, a executar-se no início da missa, especialmente
na sua forma primeira, é que tem o caráter de reconciliação entre os
irmãos".
Na exortação apostólica pós-sinodal Sacramentum Caritatis, o papa
emérito Bento XVI dedicou uma reflexão ao sinal da paz. No número 49,
ele explica:
"49. A Eucaristia é o sacramento da paz
por natureza. Esta dimensão do mistério eucarístico encontra expressão
específica no intercâmbio da paz. É, sem dúvida, um sinal de grande valor (cf.
Jo 14,27). Em nosso tempo, cheio de medos e conflitos, este gesto ganha
particular importância por mostrar que a Igreja sente mais e mais a
responsabilidade de implorar de Deus o dom da paz e da unidade para si e para
toda a família humana. A paz é, certamente, um anseio irreprimível presente no
coração de cada um. A Igreja dá voz à demanda de paz e de reconciliação que
brota de cada pessoa de boa vontade, dirigindo-a para aquele que ‘é a nossa
paz’ (Ef 2,14) e que pode trazer a paz para os indivíduos e os povos, mesmo
quando todos os esforços humanos fracassam".
Depois do sínodo houve um debate e uma ampla
consulta sobre a possibilidade de mudar o intercâmbio da paz para outro
momento. O resultado não foi conclusivo, mas a tendência geral é de mantê-lo
antes da comunhão.
Se, por algum motivo, o celebrante decide omitir
o convite, os fiéis não são obrigados a trocar o sinal de paz entre si.
A Redemptionis
Sacramentum destaca outro motivo. A paz desejada é a paz do Senhor que
vem do sacrifício do altar. O desejo de paz sem um convite vindo do altar
altera o valor simbólico do rito e poderia reduzi-lo a mera benevolência
humana.
Pastoralmente falando, é preferível manter uma
certa estabilidade no fazer ou omitir o convite ao intercâmbio da paz. Se um
padre omite irregularmente o rito, descobrirá que os fiéis começam a dar as
mãos mesmo assim, por simples força do hábito. Isso pode ser confuso.
Alguns sacerdotes saltam o rito nas missas
feriais, os outros o fazem sempre. Não há um critério absoluto para todos os casos.
Roma, 12 de Abril de 2013 - Pe. Edward
McNamara, L.C.
Fonte: Zenit.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário