A caminho do sínodo para a África: “é nossa responsabilidade oferecer uma proposta concreta, não apenas palavras, para reconciliar um continente realmente despedaçado pelas guerras civis e fratricidas”, afirma à Fides o superior geral da Sociedade das Missões Africanas.
Cidade do Vaticano – “É realmente a abundância dos recursos que atrai do exterior consideráveis interesses sobre os países africanos e provoca lutas e guerras fratricidas dentro do povo africano. Por isto, o tema do próximo sínodo, ‘A Igreja na África a serviço da reconciliação, da paz e da justiça’, é bem atual e urgente.” É o que declara à Agência Fides o padre Kieran O’Reilly, superior geral da Sociedade das Missões Africanas (SMA), instituto religioso que trabalha para a evangelização na África desde 1859, e está presente em 16 países, quando interpelado por ocasião da próxima 2ª Assembléia especial do Sínodo dos bispos para a África.
Baseando-se na sua profunda experiência em terra africana, onde chegam missionários de todo o mundo para anunciar o Evangelho, o superior geral da SMA explica que “existem diversos níveis de feridas provocadas pela guerra, confrontos e conflitos, embora as mais evidenciadas pela imprensa sejam aquelas provocadas pelas guerras civis que envolvem os países ricos em matéria prima. Infelizmente, tudo é instrumentalizado para defender ou promover os próprios interesses, seja da parte de poucas elites africanas, como das estrangeiras. Não existe distinção. Todos correm e lutam para assegurar a si o aproveitamento dos recursos minerais, petrolíferos ou naturais, como a madeira, diamantes, etc., de cada região. Onde estão os recursos, ali estão os conflitos e as guerras”.
O tema do sínodo retoma uma citação do Evangelho de Mateus: “Vós sois o sal da terra... vós sois a luz do mundo” (Mt 5,13.14). Segundo o padre Kieran, “a Igreja sempre esteve presente onde as pessoas sofrem. Para dar ajuda e esperança. No entanto, a política e muitos setores da sociedade civil estão envenenados por uma terrível corrupção, e assim a fé tem dificuldade para ser ‘ouvida’, e muitas vezes é marginalizada. A Igreja encontra muitos obstáculos para evangelizar, por causa da corrupção. Deve lutar sempre para poder apresentar uma mensagem muitas vezes incômoda.”
Com relação à atitude geral das pessoas diante da Igreja, o superior geral da SMA disse que “ela é vista com bons olhos. É o lugar da formação sanitária e educativa, administra hospitais e escolas. Em tantas regiões, somente a Igreja oferece educação e saúde. Por isso, os chefes a respeitam, e não têm outra escolha, se quiserem conservar o consenso do povo”.
“Estou convencido que o sínodo continuará o trabalho da assembléia sinodal precedente – conclui o padre O’Reilly – e será importante dar esperança às comunidades, àqueles que sofrem. O tema diz claramente: é nossa responsabilidade oferecer uma proposta concreta, indicações e instrumentos, não apenas palavras, para reconciliar um continente realmente despedaçado pelas guerras civis e fratricidas.”
Fonte: Agência Fides 1/10/2009
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